Frutos da Nossa Terra
Cajá manga
Quem, com o passar de alguns meses, quiser reencontrar uma mesma árvore de cajá-manga em outra estação há de deparar com uma surpresa.
Na passagem entre os meses secos e chuvosos, a árvore terá mudado significativamente de aparência: na ausência de chuvas, suas folhas de coloração verde brilhante nas extremidades terão passado a amarelas e pouco restará de seu aspecto característico na secura da Caatinga.De dezembro a julho, a árvore – de porte médio, copa descontínua e ramos alongados – guardará seu maior benefício: estará repleta de cajás-mangas, maduros e prontos para serem facilmente colhidos. Um dos mais azedos frutos da família das Anacardiáceas, o cajá-manga possibilita usos bons e variados, sendo próprio para refrescos em geral e sorvetes.Também conhecido como cajarana e taperebá-do-sertão, o cajá-manga é um fruto em formato elipsóide com até 10 cm de comprimento por 9 de diâmetro. Dividido ao meio por uma risca natural, há quem diga assemelhar-se a uma barriga de mulher grávida. Sua casca é amarelo-ouro ou pardacenta, envolvendo uma polpa agridoce e um caroço grande quando comparado ao tamanho do fruto.
Siriguela
A ciriguela ganhou a fama de ser, ilustre e merecidamente, a mais saborosa entre as frutas de sua família. E não se trata de uma família qualquer, e sim das tão prezadas Anacardiácias do gênero Spondias, à qual pertencem também o umbu, o cajá e o cajá-manga. Fama merecida por ser a menos ácida de todas elas, podendo ser consumida ao natural sem qualquer ressalva, lábios crispados ou rosto retorcido, não necessitando a adição de açúcar.
Assim, em diversos pontos do Noredeste, a ciriguela ganhou prestígio entre habitantes locais e turistas. Nas filas de espera da balsa de Salvador para a ilha de Itapiraca, por exemplo, contrastando com a paisagem do mar azul da Bahia, é frequente a presença de meninos vendendo saquinhos cheios de frutas elípticas, avermelhadas com manchas amarelas. São as gostosas ciriguelas oferecendo-se para deleite e refresco dos passageiros, que muitas vezes ali a vêem pela primeira vez.Essa não é, porém, a única de suas qualidades. A elegante árvore da ciriguela, em fruta ou em flor, é também deleite para o olhar. As frutas ficam dispostas ao longo dos ramos das árvore, que tem o tronco retorcido e a copa rastejante, sendo pontilhada de pequenas flores brancas e isoladas. Originária da América Tropical, a cirigueleira pode ser encontrada desde a América Central até o Rio de Janeiro. Atualmente, ela tem espaço garantido na ornamentação de jardins e praças, sendo mais e mais apreciada e aproveitada por paisagistas e urbanistas. Na ornamentação, traz ainda um benefício secundário: ao seu redor circulam diversas espécies da avifauna atraídas pelo aroma de seus frutos adocicados.
Graviola
A graviola pode ser considerada a maior, a mais tropical, a mais perfumada e a mais importante entre todas as frutas da grande e complicada família das Anonáceas. Da mesma forma que ocorre com a maioria das frutas dessa família, pela semelhança que os diferentes gêneros, espécies e variedades guardam entre si e em virtude de sua grande dispersão por toda a faixa tropical, a graviola tem várias denominações populares.
Carregando nomes como anona de espinho, jaca-do-pará, araticum-manso, araticum-grande, jaca-de-pobre, condessa e coração-de-rainha, no Brasil a graviola produz bem em quase todo o território, sobretudo na Amazônia, no Nordeste e no Cerrado.Paulo Cavalcante afirma que, ao que tudo indica, a gravioleira parece existir em estado silvestre na região amazônica. Os herbários do Museu Emílio Goeldi, de Belém do Pará, guardam diversos exemplares nativos, de classificação muito próxima à da graviola, coletados por pesquisadores em diferentes pontos da região. No entanto, segundo o mesmo autor e outros mais, supõe-se que a graviola seja fruta nascida nas terras ilhadas do mar do Caribe, tendo sido encontrada em estado selvagem nas ilhas de Cuba, São Domingos, Jamaica e em outras menores. Dali é que a fruta teria seguido para a Amazônia.